terça-feira, 30 de abril de 2013

SUGESTÕES PARA TRABALHAR O TEMA PÁSCOA


SUGESTÕES PARA TRABALHAR O TEMA PÁSCOA

As datas comemorativas não devem ser a linha norteadora do trabalho desenvolvido pela escola. Elas podem estar presentes de forma contextualizada, trabalhadas a partir da problematização de questões importantes para o grupo e inseridas nas diversas áreas do conhecimento.
Uma escola que valoriza a ética, a cidadania, a conscientização, o pensamento crítico promove a criança. E esse promover significa desmistificar alguns conceitos, trabalhando a história, o real significado e a origem dessas datas, assim como, tudo que é decorrente dela.
Pp: Conexão Carmela - Tema Gerador:
TECNOLOGIA E CONSUMISMO? QUAL O REAL OBJETIVO DA PÁSCOA?

Objetivos:
Apresentar o tema da semana;
Despertar no aluno a importância de sabermos a origem das datas comemorativas no nosso país;
Conhecer a origem da Páscoa;
Conhecer e saber o significado dos símbolos da Páscoa;
Promover a confraternização do grupo;
Compreender o malefício do consumismo para a vida social e para o ambiente.

Enfoques: História e Geografia – Onde surgiu a Páscoa? Como era comemorada? Qual a origem dessa festa? – Ciência /tecnologia – O Cacau – suas propriedades e benefícios à saúde. Saúde – o cuidado ao ingerir muito açúcar, importância de uma alimentação balanceada. Como é feito o chocolate? As pessoas sempre trocavam ovos de chocolate? Como era antigamente? Português – Elaboração de texto/ trabalho com música, poesia. Matemática – cálculos.



Recursos e atividades: Pesquisa no laboratório de informática; pintura de ovos de galinha; desenho; utilização de vídeo. Trabalho com música (rima). Confecção de texto, por exemplo, montar um comercial de tv sobre a Páscoa (trabalhar a criatividade, a linguagem oral, expressão e etc./ Utilizar os "apelos" da mídia/ Discutir com a turma por quais motivos temos tanta necessidade de comprar, de consumir/ o que você consome, te consome?); plantar girassol (que é um símbolo da Páscoa). Realização de amigo oculto. Confecção de uma receita. Trabalho com encarte – promoções, cálculos e etc. Fração.
PP: cidadania que a gente quer por aqui - Tema Gerador:
Coelhinho Da Páscoa, Que trazes Pra mim? Cidadania!
Objetivos:
Conhecer a origem histórica da Páscoa e as diferentes formas de comemorá-la;
Desenvolver atividades que promovam o verdadeiro sentido que a Páscoa representa: solidariedade, afeto, colaboração, renovação, amizade e cidadania;
Estimular o exercício da cidadania através de doações a instituições filantrópicas que necessitem de colaborações (trabalho voluntário);
Conhecer através de reportagens, vídeos ONG’s que fazem um trabalho de promoção do cidadão, integrando-o novamente à sociedade;
Compreender a questão ideológica do consumismo como algo que não está relacionado com a Páscoa;
Confeccionar um bolo de chocolate com a turma;
Realizar um lanche coletivo na sala de aula para confraternização do grupo.
Enfoque: O verdadeiro sentido da Páscoa/ Os símbolos da Páscoa/ O consumismo/ Sistema Monetário/ Peso – sistema de medida./ Textos – receitas com chocolate, música e poesia.
Recursos e atividades: Encartes, trabalhar a relação peso e preço, pesquisa de preço – gráfico e tabela/ Problemas que envolvam o tema/ Lanche coletivo/ Amigo Oculto – barra de chocolate - Troca de cartões/ Músicas/ Histórias/ Confecção de receita e etc.


PROFESSORA MARIS
FONTE: PROJETOS PEDAGÓGICOS DO CARMELINHA (PLANOS DE AÇÃO) ELABORADOS COM A COLABORAÇÃO DAS PROFESSORAS DO ENSINO FUNDAMENTAL, QUANDO TRABALHEI NA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA (2009/2010)


quinta-feira, 25 de abril de 2013

RUBEM ALVES



- Educar -
“Educar é mostrar a vida
a quem ainda não a viu.
O educador diz: “Veja!”
- e, ao falar, aponta.
O aluno olha na
direção apontada e
vê o que nunca viu.
Seu mundo
se expande.
Ele fica mais
rico interiormente...”

“E, ficando mais rico interiormente, ele
pode sentir mais alegria
e dar mais alegria -
que é a razão pela
qual vivemos.”


segunda-feira, 22 de abril de 2013

ATIVIDADE – DIA DO ÍNDIO DIA DAS MÃES (FAMÍLIA) DIA DO TRABALHO



INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CARMELA DUTRA
ATIVIDADE – DIA DO ÍNDIO 
DIA DAS MÃES (FAMÍLIA)
DIA DO TRABALHO
ENCONTRO DE PPIP/ TURMA ____
DIA: ___/___/13

ATIVIDADE 1:HISTÓRIA  “PAIS E MÃES” Autor Nelson Albissu/ Editora Cortez
PLANO DE AÇÂO Relacionando: Dia das Mães/Dia do Trabalho
Objetivos gerais:
Conversar com a turma sobre a família – sua origem e importância;
Valorizar e identificar a figura que independente de ser a mãe biológica, faz o papel de mãe, criando e educando;
Conhecer as atribuições das mulheres nas aldeias indígenas, assim como as escravas. Como viviam com seus filhos.
Realizar oficinas para oferecer às mães, organizadas pelas turmas;
Discutir e valorizar o trabalho doméstico;
Elaborar questões junto à turma para que pensem sobre quais as atividades que cada um exerce que pode ser considerada um trabalho – “Eu trabalho?” “Eu ajudo em casa?” “O que eu posso fazer para ajudar?”;
Elaborar cartõezinhos, cartinhas, bilhetinhos... Vivenciando a função social da escrita;
Elaborar junto com a turma a lista de material utilizado na oficina;
Valorizar a importância do grupo familiar para a sociedade e o respeito à diversidade dos grupos familiares;;
Promover a valorização da figura materna que pode estar representada para a criança na figura da avó, do pai, da tia, da madrinha e etc., refletindo novamente sobre as diversas configurações familiares;
Enfatizar a importância dos sentimentos, do convívio e respeito no grupo.

Enfoque:
História e Geografia: Dia das Mães – valorizar a figura de quem faz o papel de mãe seja um tio, uma tia, pai, avó... A origem do Dia das mães. O Trabalho – trabalho doméstico, O que você faz para ajudar em casa? As mulheres que têm dupla jornada de trabalho, reconhecimento e valorização dessas cidadãs. O trabalho da mulher no campo e na cidade. O trabalho das mulheres nas aldeias indígenas, o trabalho das escravas no Brasil. As profissões que as mulheres exercem hoje e que eram profissões ditas como masculinas. Para as turmas maiores: podemos citar como a mulher era inferiorizada durante a História da Humanidade/ Português: trabalhar através de recursos como histórias e teatro vivo, atitudes conscientes de cidadania (Ajuda nas tarefas domésticas, o cuidado com o consumo de energia, da água e etc. Quando você economiza na sua casa, você está ajudando a sua família a economizar também) que podemos realizar para melhorar o ambiente da nossa casa, a convivência e as finanças. Confecção de recados, redações, cartõezinhos e etc. // Matemática: Probleminhas relativos ao tema.// Ciências: Cuidados que devemos ter com a higiene da nossa casa. A dengue. Como está o nosso quintal, a nossa caixa d’água? Pesquisar para as mamães os cuidados que devem ter ao limpar a casa, a posição da coluna para varrer e etc. Pesquisar dicas de beleza não só física, como também emocional; sorriso, abraço e etc. Como devem fazer com o manuseio do óleo de cozinha usado, receitas e dicas para reaproveitar alimentos, embalagens...

Algumas atividades:
Atividades com músicas, histórias, vídeos que tratem do tema: família. Pedir que os alunos levem para a sala de aula fotos da família e que numa grande roda falem de como é sua família, a rotina de cada um e etc. Pedir que tragam a  ultrassonografia (caso o responsável permita que a criança leve à escola). É uma oportunidade de reforçar o quanto a tecnologia está presente nas nossas vidas e sua importância.
Outra sugestão de atividade é trocar as fotos antes das apresentações propriamente ditas, e pedir que cada aluno apresente como se fosse sua família. Será uma experiência interessante. Talvez, ele determine uma “função” para algumas pessoas do grupo familiar que não seja a real função no grupo. Essa atividade permite às crianças perceberem que a função em si, não é tão importante, mas o que cada um representa pra ela no grupo. E se ela, criança, tem contribuído de alguma forma para o grupo familiar com suas atitudes, palavras e etc.
O vídeo dos Flistones mostra de forma ilusória como era a vida na Idade da Pedra, no entanto é possível, fazermos comparações com outros desenhos, cujas histórias se passam em outros contextos históricos, mostrando também uma diversidade de grupos familiares e contextos. O desenho para os menores e o filme para os maiores vai favorecer esses olhares e o trabalho desses conceitos com a turma. Será que a família foi sempre a mesma?
O importante é enfatizar que a família, seja qual for a formação do grupo, é uma instituição importante para a sociedade, que ela faz parte da nossa história como o primeiro grupo do qual fazemos parte e é ali, no grupo, que aprendemos os primeiros passos, recebemos valores, hábitos, costumes,  idéias e nos identificamos.
Será que a família foi sempre a mesma? Como era a função do pai, da mãe nas famílias antigas? E hoje? Como era a vida da família? As pessoas tinham tempo para conversar, contar histórias, brincar com os filhos? E hoje, temos tempo? Que histórias contavam? Que músicas cantavam? Dormiam cedo? Que tipo de música dançavam? Como era o som? Havia CD? Como meus avós se vestiam? Onde eles moravam? E etc. (Caso, a família ainda tenha alguma música que possa ser tocada na sala, ou mesmo algum objeto ou equipamento que permita a reprodução daquela mídia, perguntar à família se há possibilidade de trazer para a escola e mostrar para a turma. Imaginem quantas músicas, ritmos aparecerão. As crianças vão notar que a produção cultural é algo vivo, a qual também participamos da produção, criando e transformando, assim como, somos influenciados).
Outra sugestão é marcar um bailinho na sala com as músicas que as vovós da turma gostam, por exemplo.
Essas e outras questões podem ser levantadas através de entrevistas com perguntas elaboradas pelos alunos na sala de aula e serão feitas em casa, com a própria família do aluno. É uma forma de provocar nossos alunos e seus familiares para que de alguma forma conversem, troquem informações, que nossos alunos tomem conhecimento da história de suas famílias e de sua própria história e origem. Alguns alunos não têm sua origem familiar na região sudeste, sua origem familiar é de outra região... Aproveite isso! Incentive o seu aluno à pesquisa, instigue a sua curiosidade. Não esqueça que o processo tecnológico se construiu inicialmente a partir da necessidade, da curiosidade, da tentativa, da ousadia, da criatividade. Vamos despertar esse espírito curioso nos nossos alunos.
Levantar listas, como por exemplo, o que eu aprendi com a minha família, por qual motivo minha família é importante, por qual motivo eu sou importante para a minha família, o que eu ensinei para a minha família e etc. Mostrar para os alunos que embora as famílias, atualmente, estejam se distanciando um pouco por conta da vida corrida, do trabalho, das mães trabalharem fora, por causa da tv, da internet (e esse distanciamento é muito ruim – podemos enviar mensagens aos familiares durante essas duas semanas sobre a importância de terem qualidade no momento que estiverem em casa junto de seus filhos), algumas coisas mudaram para melhor. Hoje, a criança tem mais espaço para conversar com seus pais, fazer perguntas... Coisa que não acontecia antigamente. Hoje, há uma abertura maior, neste sentido, filhos e pais, tios, tias, avós... Estão mais próximos. Entrevistas elaboradas pelas crianças; realização de oficinas; confecção de convite e/ ou recado, receitas; Trabalhar com músicas, poesias, histórias; Confecção de cartazes, de dicas (panfletos) para ajudar em casa e etc. Redação. Pesquisas. Reciclagem


ATIVIDADE 2: CONFECÇÃO DE PETECA

Neste encontro confeccionamos petecas com material reciclado.
Liste o material que utilizou
Cite dois conteúdos que podem ser trabalhados e partir desta atividade e a que áreas do conhecimento pertencem.
Escolha um conteúdos entre os dois que citou e elabore um objetivo











Você gostou dessa atividade? Com ela podemos trabalhar diversos conteúdos e integrá-los, claro que não podemos dar conta de tantos conteúdos em uma única aula e nem precisamos mudar nosso Plano de Curso em função das atividades. No entanto, podemos procurar adaptar novas abordagens para desenvolver os conteúdos, tornando-os significativos, interessantes e contextualizados.
Por exemplo, a atividade da confecção da peteca, surgiu do material sobre o índio, onde vocês tiveram acesso a endereços de link’s (vídeos/ depoimentos) sobre a realidade do índio brasileiro na atualidade, mostrando que não podemos trabalhar a cultura indígena de forma romântica e ultrapassada, assim como, sobre hábitos das crianças e adultos de uma tribo: brincar. Na tribo, adultos e crianças brincam e a peteca é um brinquedo de origem indígena. Poderíamos realizar no Ensino Fundamental, diversas atividades relacionadas ao conteúdo “Cultura Indígena” que está mais ligado à área de História/Geografia.
Alguns exemplos:
Português
Verbos/ tempos verbais (A partir da brincadeira da peteca, realizamos diversos movimentos, ou seja, ações/ verbos. Assim poderíamos trabalhar após a brincadeira)
Construção de texto ( Descrever as regras para a brincadeiras)
Construção de texto – receita (Instruções e material para confecção da peteca)
Ciências
Lixo reciclável e não-reciclável

Colar foto da sua peteca:

sexta-feira, 19 de abril de 2013

EDUCAÇÃO? EDUCAÇÕES: APRENDER COM O ÍNDIO



EDUCAÇÃO? EDUCAÇÕES: APRENDER COM O ÍNDIO



Pergunto coisas ao buriti; e o que ele responde é: a coragem minha. Buriti quer todo o azul, e não se aparta de sua água — carece de espelho. Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.


João Guimarães Rosa/Grande Senão: Veredas



Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações. E já que pelo menos por isso sempre achamos que temos alguma coisa a dizer sobre a educação que nos invade a vida, por que não começar a pensar sobre ela com o que uns índios uma vez escreveram?
Há muitos anos nos Estados Unidos, Virgínia e Maryland assinaram um tratado de paz com os índios das Seis Nações. Ora, como as promes­sas e os símbolos da educação sempre foram muito adequados a momentos solenes como aquele, logo depois os seus governantes mandaram cartas aos índios para que enviassem alguns de seus jovens às escolas dos brancos. Os chefes responderam agradecendo e recusando. A carta acabou conhecida porque alguns anos mais tarde Benjamin Franklin adotou o costume de divulgá-la aqui e ali. Eis o trecho que nos interessa:

““... Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agrade­cemos de todo o coração.
Mas aqueles que são sábios reconhecem que dife­rentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa idéia de educação não é a mesma que a nossa.
...Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltavam para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros. Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem alguns dos seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos deles, homens."

De tudo o que se discute hoje sobre a educação, algumas das questões entre as mais importantes estão escritas nesta carta de índios. Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é o seu único praticante.
Em mundos diversos a educação existe dife­rente: em pequenas sociedades tribais de povos caçadores, agricultores ou pastores nômades; em sociedades camponesas, em países desenvolvidos e industrializados; em mundos sociais sem classes, de classes, com este ou aquele tipo de conflito entre as suas classes; em tipos de socie­dades e culturas sem Estado, com um Estado em formação ou com ele consolidado entre e sobre as pessoas.
Existe a educação de cada categoria de sujeitos de um povo; ela existe em cada povo, ou entre povos que se encontram. Existe entre povos que submetem e dominam outros povos, usando a educação como um recurso a mais de sua dominância. Da família à comunidade, a educação existe difusa em todos os mundos sociais, entre as incontáveis práticas dos mistérios do aprender; primeiro, sem classes de alunos, sem livros e sem professores especialistas; mais adiante com escolas, salas, professores e métodos pedagógicos.
A educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as pessoas criam para tornar comum, como saber, como idéia, como crença, aquilo que é comunitário como bem, como trabalho ou como vida. Ela pode existir imposta por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle sobre o saber como armas que reforçam a desigualdade entre os homens, na divisão dos bens, do trabalho, dos direitos e dos símbolos.
A educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade. Formas de educação que produzem e praticam, para que elas reproduzam, entre todos os que ensinam-e-aprendem, o saber que atravessa as palavras da tribo, os códigos sociais de conduta, as regras do trabalho, os segredos da arte ou da religião, do artesanato ou da tecnologia que qualquer povo precisa para reinventar, todos os dias, a vida do grupo e a de cada um de seus sujeitos, através de trocas sem fim com a natureza e entre os homens, trocas que existem dentro do mundo social onde a própria educação habita, e desde onde ajuda a explicar — às vezes a ocultar, às vezes a inculcar — de geração em geração, a necessidade da exis­tência de sua ordem.
Por isso mesmo — e os índios sabiam — a edu­cação do colonizador, que contém o saber de seu modo de vida e ajuda a confirmar a aparente legalidade de seus atos de domínio, na verdade não serve para ser a educação do colonizado. Não serve e existe contra uma educação que ele, não obstante dominado, também possui como um dos seus recursos, em seu mundo, dentro de sua cultura.
Assim, quando são necessários guerreiros ou burocratas, a educação é um dos meios de que os homens lançam mão para criar guerreiros ou burocratas. Ela ajuda a pensar tipos de homens. Mais do que isso, ela ajuda a criá-los, através de passar de uns para os outros o saber que os constitui e legitima. Mais ainda, a educação parti­cipa do processo de produção de crenças e idéias, de qualificações e especialidades que envolvem as trocas de símbolos, bens e poderes que, em conjunto, constroem tipos de sociedades. E esta é a sua força.
No entanto, pensando às vezes que age por si próprio, livre e em nome de todos, o educador imagina que serve ao saber e a quem ensina, mas, na verdade, ele pode estar servindo a quem o constituiu professor, a fim de usá-lo, e ao seu trabalho, para os usos escusos que ocultam também na educação — nas suas agências, suas práticas e nas idéias que ela professa — interesses polí­ticos impostos sobre ela e, através de seu exercício, à sociedade que habita. E esta é a sua fraqueza.
Aqui e ali será preciso voltar a estas idéias, e elas podem ser como que um roteiro daqui para a frente. A educação existe no imaginário das pessoas e na ideologia dos grupos sociais e, ali, sempre se espera, de dentro, ou sempre se diz. para fora, que a sua missão é transformar sujeitos e mundos em alguma coisa melhor, de acordo com as imagens que se tem de uns e outros: “... e deles faremos homens". Mas, na prática, a mesma educação que ensina pode deseducar, e pode correr o risco de fazer o contrário do que pensa que faz, ou do que inventa que pode fazer: “... eles eram, portanto, totalmente inúteis".

quinta-feira, 18 de abril de 2013

FELICIDADE CLANDESTINA






Felicidade clandestina - Clarice Lispector
Clarice Lispector
O Primeiro Beijo
São Paulo, Ed. Ática, 1996

Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme; enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.

Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar… Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

ENCONTRO - DIA DO ÍNDIO - TRABALHO COM DATAS COMEMORATIVAS NO FUNDAMENTAL



DIA DO ÍNDIO
O QUE VOCÊ SABE SOBRE O ÍNDIO BRASILEIRO? O QUE VOCÊ SABE SOBRE A NOSSA HISTÓRIA? QUEM SÃO OS ÍNDIOS? COMO A ESCOLA VEM ABORDANDO A TRAJETÓRIA INDÍGENA? O ÍNDIO AINDA É ABORDADO COMO UM SER A PARTE DA VIDA NA SOCIEDADE BRASILEIRA? CONSEGUIMOS ENXERGAR O ÍNDIO COMO CIDADÃO BRASILEIRO OU TEMOS AINDA UMA VISÃO ROMÂNTICA DA TRAJETÓRIA DESSES POVOS TÃO IMPORTANTES E MERECEDORES DO NOSSO RESPEITO?busca de imobiliarias Nós, brasileiros, somos um povo em ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne e no espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela fomos feitos e ainda continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos viveu por séculos sem consciência de si... Assim foi até se definir como uma nova identidade étnico-nacional, a de brasileiros... ( DARCY RIBEIRO )
Assistam os dois vídeos e façam um relato (dupla ou trio)
O que achou importante em cada vídeo? Após, assistir os vídeos, como você trabalharia o “descobrimento” do Brasil a partir da ótica do índio?Qual a importância  da cultura indígena? Relacione o assunto tratado com Pluralidade Cultural e ética. Elabore um plano de aula para o 4º ou 5º ano – trabalho em dupla ou trio.



Links interessantes:

Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib)


 Associação Artístico Cultural Nhandeva (RJ)
 RJ Associação Guarani Nhe’ê Porã (SP)

PETECA

Todo mundo gosta de brincar e jogar. As crianças podem passar o dia inteiro brincando e inventando atividades para se divertir. Mas os adultos também gostam de diversão e, sempre que podem, se juntam para jogar.
Existem muitos jeitos de brincar, mas o objetivo é sempre desfrutar o momento e a companhia dos amigos. Além disso, os jogos ajudam a desenvolver habilidades que serão importantes ao longo da vida. Brincar é também uma maneira de aprender!
Os índios possuem muitos jogos e brincadeiras. Alguns são bastante conhecidos por vários povos indígenas e outros também são comuns entre os não índios, como a peteca e a perna de pau. Já outros são curiosos e originais. Existem brincadeiras que só as crianças jogam, outras que os adultos jogam junto e assim ensinam as melhores técnicas para quem quiser virar um craque!
Têm brincadeiras só de menino, outras só de menina. Existem algumas que, antes do jogo começar, é preciso construir o brinquedo! Bom, nesse caso, é necessário ir até a mata, achar o material certo, aprender a fazer o brinquedo e, só então, começar a brincar. Mas isso não é um problema, pois construir o brinquedo também faz parte da brincadeira!
O nome “peteca” – de origem Tupi e que significa “tapear”, “golpear com as mãos” – é hoje o mais popular entre todos os nomes desse brinquedo tão conhecido no Brasil.
Ainda hoje muitas pessoas aguardam o tempo das colheitas para elaborar seus brinquedos. Com as palhas do milho trançam diferentes amarras e laços e criam petecas de vários formatos.
Conheça alguns exemplos de petecas feitas pelos povos indígenas.

O senhor Toptiro é cacique da aldeia Xavante Abelhinha, no Mato Grosso e costuma dizer que uma única brincadeira por dia é suficiente para animar as crianças. Para quem vive o tempo acelerado das grandes cidades, pode parecer incrível que um grupo de crianças de 4 a 13 anos consiga permanecer ocupado um dia inteiro com apenas uma brincadeira.
Só a busca das palhas na roça já garante muitas aventuras no caminho.
Com o material nas mãos, é preciso estar bem atento para fazer uma peteca. É preciso ter tempo para olhar, tentar, errar, refazer e aprender.
O senhor Toptiro exibe um sorriso maroto quando se vê rodeado por meninos e meninas que acompanham suas mãos, ainda fortes, trançando o tobdaé – a “peteca” dos Xavante. Além dos olhos e das mãos, o senhor Toptiro utiliza também um dos dedos do pé. Amarra nele o fio de buriti, que esticado ajuda no acabamento em espiral do fundo do brinquedo. Esse detalhe o diferencia de outros modelos, como veremos a seguir.
Depois de pronto, o brinquedo xavante está leve e ágil para ser usado em um jogo que exige as mesmas habilidades dos participantes: leveza e agilidade.


Essa brincadeira indígena é muito parecida com uma partida de “queimada” – aquele jogo de arremessar a bola no adversário – mas há algumas diferenças: troca-se a bola por meia dúzia de tobdaés; não existe um campo definido por linhas no chão; e, no lugar das duas equipes, dois adversários disputam a partida.
Cada jogador começa a partida com uns três tobdaé nas mãos. Ao mesmo tempo em que faz seus lançamentos, precisa fugir dos arremessos do adversário para não ser queimado. Esse “corre e pega” só termina quando uma pessoa é atingida por um dos tobdaé do outro. A pessoa “queimada” sai do jogo e dá a vez para um novo jogador, e a disputa recomeça.
A cada colheita do milho, as partidas recomeçam e, assim, trazem muita diversão para as crianças xavante. Dos campos do cerrado do Mato Grosso, onde está localizada a aldeia Xavante, às florestas de mata atlântica em São Paulo, habitadas por comunidades indígenas Guarani, este brinquedo passa por várias mudanças.
Mangá é o nome dado pelos Guarani a esse brinquedo - o verdadeiro avô das petecas encontradas principalmente no interior paulista.
A palha do milho está dentro e fora do brinquedo. Recheia o interior, apóia o fundo circular ao mesmo tempo em que amarra as penas com um laço forte e resistente.
Nicolau, um índio Guarani, é um professor muito querido e brinca de mangá com as crianças de sua comunidade. Existe também o yó, um outro tipo de peteca que não é feito com a palha do milho, mas com o sabugo partido ao meio. Duas penas de galinhas do mesmo tamanho são cuidadosamente colocadas no centro do sabugo, dando ao brinquedo um movimento giratório que imita as hélices de um helicóptero no ar. O desafio é ver quem consegue jogar mais longe o seu yó.
Com estes exemplos, vimos como alguns povos fabricam a sua própria peteca e descobrimos que este brinquedo é tão popular entre os povos indígenas como entre os não índios.






sexta-feira, 12 de abril de 2013

A PRÁTICA DA SALA DE AULA E TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS: "QUANDO A ESCOLA É DE VIDRO"



Quando a escola é de vidro (Ruth Rocha)

Naquele tempo eu até que achava natural que as coisas fossem daquele jeito.
Eu nem desconfiava que existissem lugares muito diferentes...
Eu ia para a escola todos os dias de manhã e quando chegava, logo, logo, eu tinha que me meter no vidro.
É, no vidro! Cada menino ou menina tinha um vidro e o vidro não dependia do tamanho de cada um, não! O vidro dependia da classe em que a gente estudava.
Se você estava no primeiro ano ganhava um vidro de um tamanho.
Se você fosse do segundo ano seu vidro era um pouquinho maior.
E assim, os vidros iam crescendo à medida que você ia passando de ano.
Se não passasse de ano, era um horror!
Você tinha que usar o mesmo vidro do ano passado?
Coubesse ou não coubesse!!!
Aliás, nunca ninguém se preocupou em saber se a gente cabia nos vidros.
E pra falar a verdade, ninguém cabia direito.
Uns eram muito gordos, outros eram muito grandes, uns eram pequenos e ficavam afundados no vidro, nem assim era confortável.
Os muitos altos de repente se esticavam e as tampas dos vidros saltavam longe, às vezes, até batiam no professor.
Ele ficava louco da vida e apertava a tampa com forço, que era pra não sair mais.
A gente não escutava direito o que os professores diziam, os professores não entendiam o que a gente falava...
As meninas ganhavam uns vidros menores que os meninos.
Ninguém queria saber se elas estavam crescendo depressa, se não cabiam nos vidros, se respiravam direito... A gente só podia respirar direito na hora do recreio ou na aula de educação física. Mas aí a gente já estava desesperado, de tanto ficar preso e começava a correr, a gritar, a bater uns nos outros.
As meninas, coitadas, nem tiravam os vidros no recreio.E na aula de Educação Física elas ficavam atrapalhadas, não estavam acostumadas a ficarem livres, não tinham jeito nenhum para Educação Física.
Dizem, nem sei se é verdade, que muitas meninas usavam vidros até em casa.
E alguns meninos também.
Estes eram os mais tristes de todos.
Nunca sabiam inventar brincadeiras, não davam risada á toa, uma tristeza!
Se a gente reclamava?
Alguns reclamavam. Então os grandes diziam que sempre tinha sido assim; ia ser assim o resto da vida. A minha professora dizia que ela sempre tinha usado vidro, até para dormir, por isso é que ela tinha boa postura.
Uma vez um colega meu disse pra professora que existem lugares onde as escolas não usam vidro nenhum, e as crianças podem crescer á vontade.
Então a professora respondeu que era mentira.Que isso era conversa de comunistas.Ou até coisa pior... Tinha menino que tinha até que sair da escola porque não havia jeito de se acomodar nos vidros.E tinha uns que mesmo quando saiam dos vidros ficavam do mesmo jeitinho, meio encolhidos, como se estivessem tão acostumados que estranhavam sair dos vidros.
Mas uma vez, veio para a minha escola um menino, que parece que era favelado, carente, essas coisas que as pessoas dizem pra não dizer que era pobre.
Ai não tinha vidro pra botar esse menino.
Então os professores acharam que não fazia mal não, já que ele não pagava a escola mesmo... Então o Firuli, ele se chamava Firuli, começou a assistir as aulas sem estar dentro do vidro. Engraçado é que o Firuli desenhava melhor que qualquer um, o Firuli respondia perguntas mais depressa que os outros, o Firuli era muito mais engraçado...
Os professores não gostavam nada disso...
Afinal, o Firuli podia ser um mau exemplo pra nós...
Nós morríamos de inveja dele, que ficava no bem-bom, de perna esticada, quando queria ele espreguiçava, e até meio que gozava a cara da gente que vivia preso. Então um dia um menino da minha classe falou que também não ia entrar no vidro.
Dona Demência ficou furiosa, deu um coque nele e ele acabou tendo que se meter no vidro, como qualquer um. Mas no dia seguinte duas meninas resolveram que não iam entrar no vidro também:
_Se Firuli pode por que é que nós não podemos?
Mas dona Demência não era sopa. Deu um coque em cada uma, e lá se foram elas, cada uma pro seu vidro... Já no outro dia a coisa tinha engrossado. Já tinha oito meninos que não queriam saber de entrar nos vidros. Dona Demência perdeu a paciência e mandou chamar seu Hermenegildo que era o diretor lá da escola.
Hermenegildo chegou muito desconfiado:
Aposto que essa rebelião foi fomentada pelo Firuli.É um perigo esse tipo de gente aqui na escola.Um perigo!
A gente não sabia o que queria dizer fomentada, mas entendeu muito bem que ele estava falando mal do Firuli.
Seu Hermenegildo não conversou mais.Começou pegar os meninos um por um e enfiar à força dentro dos vidros. Mas nós estávamos loucos para sair também, e para cada um que ele conseguia enfiar dentro do vidro, já tinha dois fora.
E todo mundo começou a correr do seu Hermenegildo, que era para ele não pegar a gente, e na correria começamos a derrubar os vidros.
E quebramos um vidro, depois quebramos outro e outro mais e dona Demência já estava na janela gritando:
_SOCORRO! VÂNDALOS! BÁRBAROS!
(Pra ela bárbaro era xingação).
Chamem os Bombeiros, o Exército da Salvação, a Polícia Feminina...
Os professores das outras classes mandaram cada um, um aluno para ver o que estava acontecendo. E quando os alunos voltaram e contaram a farra que estava na 6ª série todo mundo ficou assanhado e começou a sair dos vidros.
Na pressa de sair começaram a esbarrar uns nos outros e os vidros começaram a cair e a quebrar. Foi um custo botar ordem na escola e o diretor achou melhor mandar todo mundo pra casa, que era pra pensar num castigo bem grande, pro dia seguinte.
Então eles descobriram que a maior parte dos vidros estava quebrada e que ia ficar muito caro comprar aquela vidraria toda de novo.
Então, diante disso seu Hermenegildo pensou um bocadinho, e começou a contar pra todo mundo que em outros lugares tinha umas escolas que não usavam vidro nem nada, e que dava bem certo, as crianças gostavam muito mais. E que de agora em diante ia ser assim: nada de vidro, cada um podia se esticar um bocadinho, não precisava ficar duro nem nada, e que a escola agora ia se chamar Escola Experimental.
Dona Demência, que apesar do nome não era louca nem nada, ainda disse timidamente:
_Mas seu Hermenegildo, Escola Experimental não é bem isso...
Seu Hermenegildo não se perturbou:
_Não tem importância.A gente começa experimentando isso.Depois a gente experimenta outras coisas...
E foi assim que na minha terra começaram a aparecer as Escolas Experimentais.
Depois aconteceram muitas coisas, que um dia eu ainda vou contar...



terça-feira, 9 de abril de 2013

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